Conheça melhor Rodrigo Alves , do Projeto DNA Descobrindo o Brasil!
Rodrigo é uma pessoa carismática , comunicativa, se tornou bastante conhecido no meio da Genealogia Genética pela criação do Projeto DNA Descobrindo o Brasil que prioriza exames de Negros e Amerindios, dezenas de exames de Dna já foram feitos com a substancial contribuição dos membros do grupo Dna Brasil Genealogia com Genética, do Face onde os resultados estão postados, estão também em um grupo do Facebook com o mesmo nome do Projeto tocado por ele .
Qual cidade nasceu , qual o Estado?
Sou paulista, nasci em Mogi das Cruzes, Terra do Caqui, e uma das cidades do Cinturão Verde de São Paulo. Mas, nasci lá quase que por acidente, minha mãe conta que as maternidades de Guarulhos, onde nós morávamos estavam lotadas, o sistema de saúde precária na cidade, acabei nascendo longe.
Cresceu na cidade onde nasceu ou se mudou cedo pra outra?
Como mencionei, nasci em Mogi quase que por acidente, e fui criado em Guarulhos, no Bairro da Bela Vista, do qual guardo lembranças de uma infância bem vivida, onde ainda tínhamos a liberdade de brincar na rua.
Na infância e adolescência, estudou em escola pública ou particular?
Sempre estudei em escola pública. Na escola sempre fui fascinado pelas matérias de humanas, mas, história sempre chamou muito minha atenção.
Algum professor(a) te marcou profundamente na infancia e adolescência? Qual matéria ensinava? Quais seus nomes ?
Na infância não, no ensino médio sim, professora Maria Luísa, de história, gostava muito das aulas dela.
Fez faculdade? Qual curso? Se não fez, pode dizer o motivo? se ainda fizer, qual o curso mais te interessa?
Atualmente estou cursando Marketing Digital, e essa é minha primeira graduação.
Começou a trabalhar com qual idade, o q fazia?
Meu pai faleceu um mês e meio antes do meu nascimento, assassinado. E eu cresci com minha família materna. Meus avós maternos eram nordestinos, e chegaram a São Paulo naquela época de ouro, quando ainda era possível prosperar, no entanto, eles acabaram se divorciando, e minha avó tocou a vida ao lado das filhas, enfrentando muitas dificuldades, nasci nesse contexto, e por isso, deveria ter começado a trabalhar ainda criança como é a história da maioria dos filhos de pobres, mas minha mãe nunca permitiu, então, meu primeiro trabalho foi aos 16 anos, como monitorador de sala de informática.
É casado e tem filhos? Quer falar alguma coisa acerca deles?
Sou casado, tenho 2 filhos, nunca tive planos concretos de ser pai, ter família mas, aconteceu. Acredito que muito em consequência da influência da criação religiosa que eu tive, dentro da religião protestante.
Quando começou a se interessar por Genealogia Genética?
Meu interesse por genealógica genética nasceu com uma reportagem do Fantástico, há muitos anos atrás, onde o Dr Sérgio Pena foi entrevistado, e alguns famosos puderam fazer o teste de ancestralidade. Achei magnífica a ideia de rastrear as origens através do DNA, mas na época era algo inimaginável fazer um teste daqueles, mas ficava sonhando
Por qual empresa fez o 1º exame? Qual seu Gedmatch? E o de sua esposa?
My Heritage, meu Gedmatch HP1610206 , o de Francisca Neta PJ2727991
Quais seus Haplogrupos?
Meu haplogrupo matrilinear é o L3d1, africano, pra ser sincero eu esperava um haplogrupo indígena, minha bisavó sempre foi reconhecida como “cabocla" pelos meus parentes, cresci com essa história de indígenas na família, mas os testes contrariaram o que eu cresci escutando. Já meu haplogrupo patrilinear é o E1b1a, esperado, meu pai era preto retinto (embora com uma ascendência europeia forte dentro das famílias mais tradicionais da genealogia paulista e paulistana, pelo lado materno dele), e meu avô paterno era conhecido como “Gino Preto", um pretão muito alto e forte, baiano de Santana dos Brejos, então esse eu já esperava, mas poderia não ser tendo em vista que a maioria dos homens pretos brasileiros tem haplogrupo europeu.
Sobre sua árvore genealogica, você considera curta, média , longa?
Minha árvore genealógica é razoável, eu comecei sem saber quase nada, hoje tenho vários ramos bem desenvolvidos. Os ramos mais fáceis de pesquisar são os dos ancestrais mais brancos.
Vc descende de pessoas das familias mais tradicionais de SP, fale um pouco delas.
Sou descendente da família Campos, cujo patriarca foi Felipe de Campos Banderborg, um luso-belga, casado com Margarida Bicudo, neta de Antônio Bicudo e Izabel Rodrigues. E de outras famílias, nos desdobramentos da descendência desses casais. Porém, por uma via inglória, pois, foi por meio de uma violência que um fazendeiro paulista cometeu contra uma das minhas trisavós que essa ascendência se dá.
Quando vc diz em textos ou numa conversa informal q é descendente de pessoas de peso na história de SP, detecta alguma reação de estranheza ou coisa parecida, ja passou por situação embaraçosa qto a isso?
Eu acho que as pessoas me veem e não imaginam que eu tenha outras etnias além do preto. Normal, eu também não tinha idéia que seria descendente de famílias tão destacadas, e na verdade isso não muda nada na minha realidade. Continuo sendo preto, vou viver sendo o preto, não importa o conhecimento que tenha de outras ascendências fora essa, isso pode ser vergonha para alguém, pra mim não, aprendi a enxergar esse meu valor, e o teste teve influência nessa retomada de consciência.
Vc descende também de familias grandes em Sergipe e Bahia pelo lado materno, quais são?
Sonho em fazer o teste da 23andme, farei. Meu primeiro teste foi pela MyHeritage, e tenho perfil na maioria das plataformas, nas principais. Das citadas acima, ancestry e yfull, não.
Vc mudou de São Paulo pro Ceará . Quais coisas mais te impactaram no novo lugar?
Eu fui missionário de uma Igreja no Nordeste durante um período na minha adolescência, então, eu tenho uma história aqui, fora a ascendência. Minha família nunca foi de visitar os parentes nordestinos, embora minha avó materna falasse muito do Nordeste, cresci com uma admiração imensa por tudo aqui, e depois de conhecer de perto sempre pensei em morar aqui, depois de ter casado, os laços aumentaram, meus filhos são cearenses.
Vc é casado com uma descendente de amerindios, sendo a parte amerindia de sua esposa bem alto, como ela e a familia lidam com essa coisa do amerindio ja q vivem numa zona urbana ou semi onde a cultura amerindia antiga ja é bem descaracterizada?
A família materna da minha esposa descende dos povos originários do Vale do Coreaú e do Acaraú – Tabajaras e Anacés. A avó materna dela nasceu em um vilarejo isolado, no sopé da Serra da Ibiapaba. Eles sempre preferiram viver longe da zona urbana, hoje menos. O conhecimento do viver no sertão, é o que eles mais preservaram, mas, que agora está morrendo com os mais idosos, embora eles estejam quase que totalmente aculturados há muito tempo, o problema se intensificou nas últimas décadas, sobretudo com o aparecimento de igrejas evangélicas .
Como a comunidade de sua esposa se comporta e trabalha as questões amerindias e negra? A preifeitira, governo alguma entidade tem algum projeto voltado pra esses segmentos?
Tal qual todo o Ceará, a sociedade onde minha esposa nasceu é uma sociedade bem racista, muito contra o indígena, pior contra o preto. No passado até as festas eram separadas pela cor da pele, a região de Sobral e adjacências, tem um histórico de Apartheid.
Quais as percentagens gerais de sua esposa e de seus filhos? Vc acha q eles se verão como de qual grupo étnico qdo tiverem adultos?
Minha esposa é 45% indígena( a avó materna tinha mais de 70%), 43% europeia e 12% preta; meus filhos 41% europeu, 34% preto e 25% indígena. Eu não sei como meus filhos se verão, mas, em casa eu cuido por valorizar as nossas origens.
O Ceará devido ás obras de Jose de Alencar entre outras e devido ao proprio fenotipo de grande parte da população, é visto pelos de fora como um "Estado caboclo", uma terra onde a "cabloquice" e a propria " amerinidade" é cultuada e valorizada. Vc enxerga isso ou é como qlq outra Estado do Brasil onde o q se valoriza mesmo são as coisas do mundo branco e eurocentrico?
O Ceará é um lugar em que a população carrega uma herança indígena fortíssima, sobretudo nas regiões norte, noroeste e litoral oeste, um pouco menos nas outras regiões. Mas, isso não faz com que se valorize o indígena, exceto quando para se livrar da herança africana.
O q motivou a fazer um Video acerca dos Negros no Ceará ? Qual a repercussão ?
Aqui como em qualquer outro Estado o preferível é ser branco, com tudo que isso possa significar. cearense se orgulha de que supostamente no Ceará não haver pretos, “se é preto, não é daqui", botam ora pra Bahia, botam pro Maranhão, como se fosse um saco lixo, algo de que se quer descartar a todo custo. Então, resolvi refrescar a memória dessa galera, usando a história.
Antes de entrar no grupo Dna Brasil do facebook, vc fez um video falando acerca dos negros brasileiros, esses seriam mais nigerianos q bantus, isso baseado nos resultados da my heritage, hoje vc tem uma noção diferente acerca disso? A entrada no grupo, ajudou você a ter outra visão acerca disso?
O Grupo DNA-BRASIL me ajudou muito, e ajuda. Quando fiz o vídeo, fiz como muitas pessoas fazem naquela emoção da chegada dos resultados, depois de um tempo a gente vai aprendendo.
Vc recentemente está tendo um contato maior com africanos raiz, sobretudo os q moram no Brasil, o q vc mais ouve desses africanos qto ao Brasil, aos brasileiros e qto ao país de origem, ha criticas a alguns aspectos ao Brasil e ao país de origem, e os elogios são a q mesmo?
No Brasil, existem vários estereótipos que cercam os africanos e sobre a África, como toda ação gera uma reação, temos todo tipo de reação da parte deles quanto a isso. Convivendo com eles, pessoas das mais diversas nações e povos da África, percebo uma gente muito forte, muito inteligente e destemida, enfrenta tudo pra melhorar de vida, para crescer.
O q os africanos q vc conhece falam acerca dos exames de DNA, vc acha q tais exames podem se tornar popular em paises como Angola, Congo, Cabo Verde, Guiné Bissau, Gana, Senegal, Nigéria? Se não, por q, se sim , em quais segmentos da população? Mestiços, ricos, estudiosos dos mais variados campos da ciencia, gente da tv?
A maioria não gosta da ideia dos exames, afinal de contas, a África já foi muito usada, sugada, eles têm medo do que possa estar por trás. Mas, eu acho que o teste poderia fazer mais sucesso entre eles, dentro e fora da África, desde que usadas as ferramentas certas.
Vc criou o projeto DNA Descobrindo o Brasil, fale um pouco sobre o mesmo .
O projeto DNA Descobrindo O Brasil surgiu, quando eu abri minha lista de matches, e me questionei, “Cadê os pretos?” – Depois soube que os pretos, indígenas, testavam pouco ou não testavam e resolvi colaborar para democratizar as coisas.
Vc procurou várias pessoas amerindias ou com forte identificação amerindia dos mais variados lugares para testes de Dna. Foi fácil com todos . Quais os desafios pra algo do tipo?
Nunca é fácil, assim como os africanos, os indígenas tem medo, a desinformação piora ainda mais as coisas. Ouvi muitos nãos, vi muita cara feia, mas não desisti do projeto, embora eles não saibam, eles merecem estar inseridos na genealogia genética. Não se pode contar a história do Brasil, sem falar de indígenas, não tem genealogia genética brasileira, sem indígenas e pretos.
Depois de resultados de pessoas Índias ou q se assim se identificam, nos grupos de genealogia genética houve muita polêmica sobretudo devido a alguns virem com percentagem considerável de genética não amerindia, Pra vc o q motivou os mais variados tipos de reação para q desaguasse em polemicas?
Esse território sofreu e sofre com o processo de colonização, dominação, aculturação. Todo esse processo resultou também em miscigenação. Algumas pessoas comentam negativamente no intuito de desqualificar as pessoas que se identificam como indígenas, outras comentam para desqualificar o projeto. Não me importo, acho que existem diversas visões, cada um se expresse como achar melhor, o "todo" é bem maior, e bem mais complexo que essas falas.
Vc ja me falou q em alguns grupos fez postagem e foi praticamente ignorado mas qdo pessoas brancas fizeram postagens com o mesmo tema, o post rendeu, isso ainda acontece, vc credita isso ao racismo estrutural?
Racismo estrutural está em todo lugar, é natural que ele se apresente também na genealogia genética, sobretudo porque até bem pouco tempo , genealogia era coisa só de branco, e a genealogia genética está mudando isso.
Vc é otimista qto as calculadoras melhorarem no que diz respeito a resultados ligados a amerindio, negros e europeus ?
Pra ser sincero mesmo, eu me importo muito pouco com os detalhes das calculadoras, desde que o resultado do todo seja bom. Eu não sou dos tarados por calculadoras, mas, é claro que eu desejo que melhorem.
Excelente entrevista 👏🏿👏🏿👏🏿
ResponderEliminarGratidão broder, fiq atento ás outras q estão por vir
EliminarExcelente ponto de vista sobre as "misturas" que compõe os nordestinos. Eu sempre ouvi do meu pai que na Paraíba , na região que ele viveu, não viam negros e quando viam era algo tão estranho que tinham medo. Fiz o teste de DNA recente do meu pai, que hoje têm 93 anos, e o mtdna dele é o LO com 16% de África pelo Genera e 10 % de América. Isso só corrobora que a cultura de esconder as raízes foi algo muito bem trabalhado pelos antepassados, mas que hoje vem à tona com os testes genéticos.
ResponderEliminarMeu pai também é paraibano do sertão de Piancó e dizia a mesma coisa, dizia q teria no mínimo 30% de índio e o resto de branco, veio com 22% de negro inclusive o haplogrupo mtdna , L3e3b, tem apenas 13% de de índio mas continua com a mesma conversa , rss
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